1992
Não tinham consentimento. a data prevista expirava e qualquer interrupção podia por a perder todo o andamento do trabalho. As luzes néon do outdoor lá fora invadiam a sala deixando-a verde. Corpos verdes desbotados. Só este desejo vermelho maculava a ordem das coisas. Gemeu. Tinham chegado ao fim. Será? Bem, ele chegou ao fim, ela gemeu. Podia ser que também. Pelo menos consentira com a interrupção. Fechou a barriguilha da calça, ela colocou o vestido no lugar, destrancaram a porta e foram aos respectivos banheiros. Um de cada vez, lógico, para não levantarem suspeitas. Corpos verdes, olhos de todas as cores vigiavam.
Voltaram ao computador sem dizer uma palavra. No fundo da tela movimentam-se palavras numa velocidade muito superior a anterior. Era preciso recuperar o tempo perdido e esquecer que as carnes ainda ardiam, queimavam, estendiam o coito roubado. Foram surpreendidos imóveis diante da tela e recomeçaram o trabalho.
_ Café?
_ Não obrigado! Estou no meio dos cálculos e não posso parar agora.
_ Esse balanço ainda acaba com a gente!
_ Pois é.
O balanço, pois é! Começou a fazer o balanço de sua vida, o balanço de suas relações, o balanço de suas emoções. Quase que perde o fio condutor do balanço da empresa. Ouviu o barulho da impressora. Ainda faltavam três gráficos para ele acabar. Frustrou-se. Tinha programado terminar juntos, assim, enquanto imprimia... Largou o café e mandou imprimir.
_ Hei! Mas e os gráficos?
_ Depois eu faço, depois...
Os olhos dela entenderam o tezão nos olhos dele. Chave na porta. Começou a sugar sua língua e sua compreensão. Embaçados pelo desejo, não mais tinham consciência de seus movimentos. Tudo era um liquidificador de emoções batendo ao som da impressora. Puxou com violência sua calcinha e a arrebentou. Sem querer. Tinham 20 minutos. O tempo de imprimir o balancete. 20 minutos. Manchou sem querer também, a camisa dele de baton. Quase uma vingança, quase. Rolavam por cima das folhas de rascunho, e silenciosamente, amavam-se ferozmente. Num impulso a penetrou. Ela quase gritou, quase... Um prédio inteiro esperava este deslize para invadir e acusar. Mordeu a boca e gozava desesperadamente. Ouviram passos. Em fração de segundos estavam recompostos, destrancando silenciosamente a porta. Só a calcinha escondida no bolso dele podia denunciá-los. Dessa vez fora ele que não gozara. Aquele cheiro de sexo no ar... Ainda bem que o chefe havia perdido o olfato com o tempo de trabalho. Se não poderia perceber que ele próprio fedia a bolor. A calcinha espiava.
_ E os gráficos?_ Perguntou o chefe.
_ Em trinta minutos.
Não havia mais como recomeçar a situação. A impressora parara. Fez os gráficos e os entregou. Arrumaram suas coisas. Saíram do trabalho. Cada um no seu carro, no seu destino.
_ Até amanhã!
Foi só o que disseram.
_ Até amanhã!
E o reflexo do néon em seus rostos não deixava perceber nenhuma emoção.
Não tinham consentimento. a data prevista expirava e qualquer interrupção podia por a perder todo o andamento do trabalho. As luzes néon do outdoor lá fora invadiam a sala deixando-a verde. Corpos verdes desbotados. Só este desejo vermelho maculava a ordem das coisas. Gemeu. Tinham chegado ao fim. Será? Bem, ele chegou ao fim, ela gemeu. Podia ser que também. Pelo menos consentira com a interrupção. Fechou a barriguilha da calça, ela colocou o vestido no lugar, destrancaram a porta e foram aos respectivos banheiros. Um de cada vez, lógico, para não levantarem suspeitas. Corpos verdes, olhos de todas as cores vigiavam.
Voltaram ao computador sem dizer uma palavra. No fundo da tela movimentam-se palavras numa velocidade muito superior a anterior. Era preciso recuperar o tempo perdido e esquecer que as carnes ainda ardiam, queimavam, estendiam o coito roubado. Foram surpreendidos imóveis diante da tela e recomeçaram o trabalho.
_ Café?
_ Não obrigado! Estou no meio dos cálculos e não posso parar agora.
_ Esse balanço ainda acaba com a gente!
_ Pois é.
O balanço, pois é! Começou a fazer o balanço de sua vida, o balanço de suas relações, o balanço de suas emoções. Quase que perde o fio condutor do balanço da empresa. Ouviu o barulho da impressora. Ainda faltavam três gráficos para ele acabar. Frustrou-se. Tinha programado terminar juntos, assim, enquanto imprimia... Largou o café e mandou imprimir.
_ Hei! Mas e os gráficos?
_ Depois eu faço, depois...
Os olhos dela entenderam o tezão nos olhos dele. Chave na porta. Começou a sugar sua língua e sua compreensão. Embaçados pelo desejo, não mais tinham consciência de seus movimentos. Tudo era um liquidificador de emoções batendo ao som da impressora. Puxou com violência sua calcinha e a arrebentou. Sem querer. Tinham 20 minutos. O tempo de imprimir o balancete. 20 minutos. Manchou sem querer também, a camisa dele de baton. Quase uma vingança, quase. Rolavam por cima das folhas de rascunho, e silenciosamente, amavam-se ferozmente. Num impulso a penetrou. Ela quase gritou, quase... Um prédio inteiro esperava este deslize para invadir e acusar. Mordeu a boca e gozava desesperadamente. Ouviram passos. Em fração de segundos estavam recompostos, destrancando silenciosamente a porta. Só a calcinha escondida no bolso dele podia denunciá-los. Dessa vez fora ele que não gozara. Aquele cheiro de sexo no ar... Ainda bem que o chefe havia perdido o olfato com o tempo de trabalho. Se não poderia perceber que ele próprio fedia a bolor. A calcinha espiava.
_ E os gráficos?_ Perguntou o chefe.
_ Em trinta minutos.
Não havia mais como recomeçar a situação. A impressora parara. Fez os gráficos e os entregou. Arrumaram suas coisas. Saíram do trabalho. Cada um no seu carro, no seu destino.
_ Até amanhã!
Foi só o que disseram.
_ Até amanhã!
E o reflexo do néon em seus rostos não deixava perceber nenhuma emoção.
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